A manhã estava quente. Lá fora o frenesim incansável da cidade, o som dos rodados dos carros, e no passeio, a visão inconfundível de que o verão está mais quente que nunca. As t-shirts, os tops os calções e as mini-saias são testemunhos definitivos que o calor chegou para ficar.
Vesti-me a rigor. Está um bom dia para procurar o meu próximo local de trabalho. Começo por analisar os classificados e procurar na NET por locais que pudessem fazer do sexo mais que um mero contacto físico, mas também uma forma de arte.
Depois de muito andar, entrei na Imobiliária do quarteirão e onde fui prontamente atendido. A Lia, era uma jovem alta, muito sorridente e magra que vivia no meu prédio. Sempre que nos cruzamos no elevador desviávamos atenções mais comprometidas, tentando penetrar um olhar mais descarado. Espreitamos disfarçadamente no espelho, para logo a seguir, como se fosse a coisa mais natural do mundo, analisarmos a lâmpada fluorescente do tecto do ascensor ao pormenor.
Já íamos no 3º imóvel quando ela me levou para o fundo de um beco com pouco mais de 1 metro de largura. Deparei-me com uma garagem ampla e alta, o chão cinzento-escuro, com uma cabina acessível por meia dúzia de escadas.
Aquele lugar respira privacidade, a luz a passar pelas telhas fendidas dava-lhe uma sensualidade inexplicável. Subimos para a pequena cabina e senti a brisa fresca do vento que passava percorrer a nossa pele e senti que aquela frescura, no calor daquele dia, nos potenciava a imaginação e a libido. Passei-lhe descuidadamente então a mão nas costas desprotegidas, que num arrepio se virou e passou a mão pelo meu cabelo, lateralizou a cabeça e beijou profundamente o meu pescoço. Aquele beijo com aquele calor fez de catalogador do fogo que se escondia entre nós. Com as respirações completamente dessincronizadas e ofegantes, começamos a despirmo-nos mutuamente como se a nossa própria vida dependesse disso.
Já desfraldados, suados e completamente fora do controle, peguei no meu telemóvel retirei a tampa coloquei no chão e pedi-lhe que carregasse no play. A ideia de registarmos o momento deixou-a ainda mais louca, saltou para cima de mim com a boca em riste e abocanhou-me todo … de cima a baixo sem parar. Em resposta, coloquei-lhe as pernas nos meus ombros e obriguei-a a gritar de prazer. Com a minha boca nela e a boca dela em mim continuamos até ao culminar mutuo de toda a excitação acumulada. Depois de sentir vários orgasmos, paramos de exaustão. A primeira obra de arte do meu futuro estúdio estava criada. Felizmente os 2GB de cartão que comprei pagaram-se a si mesmos.
Ainda quase nem tínhamos apercebido o que tinha acontecido, como se tivéssemos acabado de acordar de um sonho, a Lia retirou o pequeno cartão do telemóvel exclamou “Vais ter de pagar mais que a comissão da garagem para ter esta preciosidade de volta. Vou embora e espero que me faças boas propostas por ela…” deixando-me em seguida sozinho, atordoado e com a certeza que a partir daquele momento aquela garagem não poderia ter mais outro dono.
Foi então que me apercebi que a minha primeira pérola profissional iria bem difícil de obter, o que lhe dava outra dimensão e valor.
